quarta-feira, 30 de maio de 2012
TABAGISMO ,a cada dois minutos e meio ,uma pessoa morre no Brasil,evite ser uma delas .
A cada dois minutos e meio, uma pessoa morre no Brasil por causa do tabagismo. Pelas contas do Banco Mundial, consequências do vício custam aos países US$ 200 bilhões por ano.
Nesta quarta-feira (30), véspera do Dia Mundial de Combate ao Fumo, profissionais da área da saúde revelaram, em São Paulo, qual é exatamente o custo financeiro para quem não tenta ou não conseguiu ainda largar o cigarro.
O toque é fúnebre porque a informação é terrível. A cada dois minutos e meio, uma pessoa morre no Brasil por causa do tabagismo. Só nesta quarta-feira (30) foram 283 até o meio-dia. Para chamar a atenção, médicos de vassoura nas mãos recolheram tocos de cigarro na calçada.
Fumantes com vontade de virar ex-fumantes fizeram testes respiratórios e descobriram mais um malefício do vício.
Você, fumante, já fez a conta de quanto já gastou na vida comprando cigarro? Tem gente que está fazendo. O técnico de contabilidade Hamilton Oliveira Santos fuma há 31 anos, dois maços por dia a preço de R$ 4,25. Ou seja, até hoje ele já gastou mais de R$ 80 mil comprando cigarro. Se ele tivesse investido esse dinheiro todo na caderneta de poupança, hoje ele teria R$ 337 mil no bolso.
“Poderia estar aproveitando melhor esse dinheiro, né? Mas é chato”, concorda ele.
O mundo todo poderia estar fazendo o mesmo. Pelas contas do Banco Mundial, as consequências do tabagismo custam aos países US$ 200 bilhões por ano.
Quem fuma sabe: parar é difícil. A funcionária pública Monica Soares de Oliveira só conseguiu porque perdeu um amigo.
“Ele teve um problema na garganta por causa de cigarro daí eu decidi que ia parar de fumar”, conta a mulher.
Quem quer parar, precisa de acompanhamento.
“Esse paciente, se for assistido, se for adequadamente tratado, vai no mínimo aumentar em cinco vezes a sua chance de ter êxito e conseguir parar de fumar. E o que é melhor, sem sofrer”, explica a cardiologista do Instituto do Coração (Incor) Jacqueline Issa.
Prometer parar, muita gente promete.
“Estou comunicando no Jornal Nacional, vou parar de fumar no fim desse ano, se Deus quiser”, afirma o vendedor Jefferson Dias.
Presidente do TRE de São Paulo é afastado do cargo
Alceu Navarro fazia parte da comissão de orçamento do tribunal e é acusado de manobrar para receber, antes de outros funcionários, verbas trabalhistas. Presidente, que também é juiz, recebeu mais de R$ 600 mil.
O órgão especial do Tribunal de Justiça de São Paulo afastou nesta quarta-feira (30), das funções de juiz, o desembargador Alceu Penteado Navarro. Ele também terá que deixar a presidência do Tribunal Regional Eleitoral.
A votação, que só pôde ser registrada pelos fotógrafos, foi apertada. Por 13 votos a 12, venceu a proposta do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo de afastar das funções de juiz o desembargador Alceu Penteado Navarro, há sete anos no cargo.
Navarro e os desembargadores Fabio Gouvea e Tarcisio Cotrim, que faziam parte da comissão de orçamento do tribunal, são acusados de manobrar para receber antes de outros funcionários verbas trabalhistas. Cada um recebeu mais de R$ 600 mil em um período de três anos.
O afastamento de Navarro ganhou repercussão porque desde o fim de 2011 ele ocupa outro cargo importante. É presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. O presidente do TJ disse que com a decisão desta quarta o desembargador Navarro também deve deixar a presidência do TRE.
O presidente do TJ-SP, Ivan Sartori, explicou por que só Navarro foi afastado. “Acho que a presidência de uma eleição como são as eleições municipais por um presidente que tinha, teria, que tem um processo administrativo desse tipo não seria salutar para o estado de São Paulo”.
O advogado de Alceu Navarro, Manoel Alceu Affonso Ferreira, disse que vai recorrer do afastamento. “Não estou convencido da juridicidade desse afastamento porque o Tribunal Regional Eleitoral é um tribunal federal, é uma corte federal, que não está subordinada ao tribunal estadual”
e este senhor embora afastado tera´ seu salario mensal parece brincadeira tantos pedidos de aposentadorias negados porque naõ se tem dinheiro e este cidadão se da o direito de levar vantagem,na frente dos colegas ,é um absurdo,tem cara de pau que gosta de levar vantagem em tudo .
domingo, 13 de maio de 2012
Casal acusa desembargadores de envolvimento em desvio de R$ 20 milhões
Fantástico mostra uma farra milionária bancada com o dinheiro do contribuinte. Dinheiro aos montes, desviado de um tribunal de justiça no Nordeste. Um casal que participava da falcatrua conta em detalhes como era a vida de luxo que levava e acusa dois ex-presidentes do tribunal de integrar o esquema.
Você já viu um papel higiênico todo estampado com notas de dinheiro? E ainda por cima dinheiro europeu?
“Foram retirados quase R$ 20 milhões. Não chega a R$ 20 milhões”, conta Carla Ubarana Leal, funcionária do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.
O papel higiênico foi encontrado pela polícia em um dos imóveis de Carla. Mas os R$ 20 milhões que ela menciona não foram jogados no vaso sanitário. É tudo dinheiro de verdade – dinheiro público – desviado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. E, segundo Carla, os cerca de R$ 20 milhões roubados foram divididos entre ela e dois desembargadores. “Entreguei a desembargador Osvaldo Cruz e entreguei a desembargador Rafael Godeiro”, revela.
Com a parte dela no esquema, Carla e o marido dela compraram, entre outras coisas, uma mansão na beira do mar.
“Ela tem, como diz meu marido, mais de dois mil metros só de grama”, diz Carla.
“Coloquei 33 ipês, que vieram de Fortaleza”, diz George Leal, marido de Carla.
O marido de Carla se chama George Leal. É dono de uma pequena construtora e, segundo a Justiça, montou o golpe com ela. Em depoimento ao Ministério Público do Rio Grande do Norte, ele conta como o casal foi torrando a dinheirama.
Ministério Público: O que o senhor e a sua esposa adquiriram de bens com esse dinheiro?
George Leal: Eu fiz uma pequena listagem rápida. Viajar, melhorar os carros e fazer investimentos imobiliários.
Eles falam com orgulho do que adquiriram com o dinheiro desviado.
“A piscina, na borda do terraço, tem medida oficial de piscina olímpica: tem 25 (metros) por 4 (metros), ela tem duas bordas e água aquecida”, descreve George Leal no depoimento.
“A Mercedes nem fui eu que comprei. Foi meu marido. Nem eu andava na Mercedes”, diz Carla.
O modelo que eles compraram custa R$ 650 mil.
“É aquele que faz o Safety Car da Formula 1”, diz George Leal.
E os celulares? A dupla tinha um modelo exclusivo, que já fio usado por celebridades como a cantora Madonna e o jogador de futebol David Beckham.
Ministério Público: Aparelhos celulares que se encontram apreendidos nesse processo foram comprados com os recursos desviados do tribunal?
George Leal: É 6 mil euros um, 7 mil euros outro.
Ou seja, os modelos de Carla e George custaram o equivalente a R$ 33 mil. A lista parcial dos bens apreendidos é a seguinte: seis automóveis de luxo, que juntos custam mais de R$ 1 milhão; uma mansão na praia, no valor de R$ 3 milhões; dois terrenos; duas casas; um apartamento; e dois celulares importados. A soma passa dos R$ 6 milhões. O restante ela chama de “troco”. É que a farra não aconteceu só no Rio Grande do Norte.
“Tinha alguns euros e alguns francos suíços que foram trocos das viagens. Acho que deu em torno de R$ 230 e R$ 250 mil. Não sei como é que ficou a conversão na época do euro e do franco suíço”, diz Carla.
Ministério Público: O senhor estima que gastou mais ou menos quanto, em viagens, nesse período?
George Leal: De cabeça, R$ 1,25 milhão. Nas últimas viagens, principalmente, os hotéis eram muito luxuosos.
“Ficamos no Plaza Athenée. Como meu marido colocou muito bem no depoimento dele, em um dos cinco palácios de Paris”, ressalta Carla.
George Leal: Chegamos a ficar numa diária de R11 mil euros, de frente para a torre.
Ministério Público: E passavam quantos dias lá?
George Leal: Em média, oito, nove dias.
Somando tudo, o equivalente a R$ 255 mil só de hospedagem e numa única viagem.
“Tivemos a oportunidade de ficar em uma suíte onde havia duas salas. Era champanhe”, diz Carla.
Mas como todo esse dinheiro foi desviado do tribunal? A palavra-chave é precatório. Precatório é o nome do dinheiro que o estado, o município ou uma empresa pública têm que pagar na Justiça quando perdem uma ação.
“Ninguém domina precatório. E eu posso lhe dizer que eu domino precatório”, diz Carla.
Esse dinheiro fica em uma conta da Justiça, e a fila para receber é grande. Na lista no site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, tem gente que está há quase dez anos esperando para receber.
É o caso de Evalker Cavalcante de Brito, que é dono de uma padaria. Ele ganhou na Justiça uma ação contra a cobrança pela prefeitura de Natal de uma taxa de iluminação pública.
“E até agora, nunca me pagaram. Quando estourou essa bomba de desvio de precatórios fiquei muito revoltado, muito triste”, desabafa Evalker.
O que é difícil para Evalker era fácil para o esquema. Formada em direito, administração e economia, Carla Ubarana era funcionária de carreira no Tribunal e diz que foi convidada pelo então presidente do Tribunal de Justiça para cuidar dos precatórios.
“Fui convidada em 2007 pelo presidente, desembargador Osvaldo Cruz, para assumir um cargo na divisão de precatório”, diz Carla
Ela fez um levantamento e encontrou muito dinheiro parado, sem dono.
“Existe uma verba que eu não consegui identificar o processo. Uma verba entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,6 milhão”, diz Carla
Carla diz que levou o caso ao então presidente do tribunal. “Desembargador Osvaldo Cruz. Ele falou: ‘Como o dinheiro não tem dono, o que a gente pode fazer para trabalhar o dinheiro?’. “O termo foi ‘trabalhar o dinheiro’”, ressalta Carla.
O esquema usou vários métodos para fazer o dinheiro sair da conta do tribunal, inclusive pagando os chamados laranjas.
O Ministério Público mostra um exemplo de uso de laranja que levou um cheque de R$ 79,5 mil. Para isso, bastou uma folha de papel assinada pelo presidente do tribunal.
“Não existe número de processo, não tem número de ofício. É um documento atípico”, avalia o promotor Flávio Pontes Filho.
“Ele assinando, era o suficiente para o banco. Eu só confirmava”, diz Carla. Segundo ela, o repasse aos desembargadores era em dinheiro vivo.
“O máximo que eu levava era R$ 60 mil, R$ 50 mil. Eram bolinhos que já vinham do banco amarrados com notas de R$ 100. Então, ele estava todo prensadinho, não fazia volume. Botava no meio dos processos e ia para a presidência, como eu sempre fui. Eu despachava com o presidente normalmente”, descreve Carla.
Carla conta que, quando o desembargador Osvaldo Cruz deixou a presidência do Tribunal de Justiça, o sucessor dele também pediu para participar da falcatrua.
“’O que o senhor quer?’ E ele respondeu: ‘Eu quero a mesma saída de dinheiro de Osvaldo’. Ela conta que perguntou: ‘Então o senhor quer receber dinheiro do precatório, do mesmo jeito que desembargador Osvaldo recebia?’. Ele disse: ‘Do mesmo jeito. O mesmo valor’. O nome do desembargador é Rafael Godeiro. ‘Está bom. Agora a gente vai ter um dinheiro que vai ser repartido por três’”.
Isso porque, segundo ela, Osvaldo quis continuar recebendo a parte dele.
“O responsável por autorizar estes pagamentos é o presidente do Tribunal de Justiça. E, à época, eram justamente os dois desembargadores que foram afastados pelo Superior Tribunal de Justiça, Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro”, diz o procurador-geral do estado, Luciano Ramos.
O esquema era tão audacioso que prometia transformar uma dívida judicial de R$ 30 mil em R$ 1,5 milhão. Bastaria modificar os cálculos.
O advogado Francisco Gurgel Júnior diz que bastava pagava propina a uma funcionária.
“Ela me cobrava R$ 200 mil, dos quais 20% eram dela e 80% eram do desembargador Rafael Godeiro. Ela receberia e entregaria a ele. Eu disse que não aceitaria. Primeiro, porque eu não tinha o recurso para dar, nem acreditaria que uma decisão de R$ 30 mil passasse para R$ 1,5 milhão. O nome dela era Ana Lígia”, lembra o advogado.
Ana Lígia Cunha de Castro era assessora de Rafael Godeiro, um dos dois ex-presidentes do Tribunal de Justiça investigados no caso.
O advogado da ex-assessora do desembargador Rafael Godeiro, Ana Lígia, disse que desconhece a acusação.
Procurados pelo Fantástico, os desembargadores Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro não quiseram gravar entrevista e negam a acusação.
Carla e o marido estão em prisão domiciliar. O casal e os laranjas respondem por peculato e formação de quadrilha. Ela sozinha também é acusada de falsificação e ocultação de documentos públicos. Os desembargadores estão afastados do TJ e como têm foro privilegiado, são investigados em liberdade pelo Superior Tribunal de Justiça.
“Nós ficamos indignados, ficamos tristes, ficamos acabrunhados, mas eu quero dizer que o Poder Judiciário e que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte estão fortalecidos, e nós não vamos nos abater por esse fato”, afirma Judite Nunes, presidente do TJ-RN.
“Não foi, para dizer assim, 'um foi no erro, foi no meio de vários'. Não. Foram vários. E foi durante dois anos e o outro mais dois anos. Eu digo que para cada um foram dois anos. Não foi um documento só. Não foi uma única vez”, destaca Carla.
domingo, 6 de maio de 2012
Quando teremos certeza que não iremos ser agredidas pelos nossos parceiros ,ate aonde vai a agressão ?
Esta semana, o Ministério da Justiça recebeu um relatório preocupante sobre a violência contra a mulher no Brasil. A cada cinco minutos, uma mulher é agredida no país. Em quase 70% dos casos, quem espanca ou mata a mulher é o namorado, marido ou ex-marido. Qual é o estado brasileiro onde mais ocorrem assassinatos de mulheres? E o que está sendo feito para acabar com tanta barbaridade?
Namoradas, noivas, esposas - não importa. “Me arrastou pelo cabelo, me jogou dentro do banheiro, enfiou minha cabeça dentro do vaso, me bateu muito, me chutou”, lembra uma vítima. A cada cinco minutos, uma mulher é espancada no Brasil. “Eu vi a morte na minha frente. O vi pegando uma faca e vindo para o meu lado”, conta a vítima.
Pode ser uma recém-casada, grávida de seis meses: “O último que ele ia me dar ia ser na barriga, porque, a todo momento que ele dava uma paulada, ele falava que ele ia me matar”, diz uma mulher.
Pode ser alguém apanhando em silêncio por mais de dez anos: “Aquilo já virou tão rotina, que você não conta mais quantas agressões foram, se foram três em um mês, se foram dez”.
Nem a polícia consegue evitar. “Infelizmente, determinados homens botam na cabeça que a mulher é um objeto dele, que pertence a ele, que ele pode tudo sobre ela, que ele pode bater, que ele pode brigar e que ele pode até matar”, afirma o delegado Adroaldo Rodrigues.
O mapa da violência de 2012, pesquisa coordenada e recém concluída pelo sociólogo Júlio Jacobo, mostra uma clara diferença entre assassinatos de homens e mulheres: “Homem morre primordialmente na rua. Homem morre primordialmente por violência, entre os pares, entre os jovens, na rua. Mulher morre no domicílio, na residência”, explica Jacobo.
Ao todo, 68% das mulheres que procuraram o Sistema Único de Saúde em 2011 para tratar ferimentos disseram que o agressor estava dentro de casa. Em 60% dos casos, quem espanca ou mata é o namorado, o marido ou ex-marido.
“Minha vida já estava um inferno na companhia de alguém que dizia que amava, mas horas depois estava me batendo”, conta uma mulher.
Entre 87 países, o Brasil é o 7º que mais mata. São 4,4 assassinatos em cada grupo de 100 mil mulheres. O estado mais violento é o Espírito santo, com 9,4 homicídios por 100 mil. E o que mata menos é o Piauí, com 2,6 homicídios por 100 mil mulheres. O Fantástico foi aos dois estados para entender as razões dessa diferença.
Trezentas mulheres são atendidas na Delegacia da Mulher da Cidade de Serra, na Região Metropolitana de Vitória, e pelo menos 200 homens são investigados todos os meses. Como Renildo, que jura inocência: “Mulher, a gente... Não se bate. Se bate com uma rosa”, afirma.
O que não quer dizer que Luzia tenha paz: “Ele quebra a janela, invade a casa, entra dentro de casa. Ele quebra a fechadura da porta e entra dentro de casa, fica me esperando dentro de casa. Quando eu vejo que ele está dentro de casa, em vez de entrar dentro de casa, eu saio e ligo para a polícia. Só que na hora que eu ligo para a polícia, ele se manda, vai embora, e a polícia nunca pega”, ela relata.
Nenhum argumento o convence: “Eu gosto dela, eu não me esqueço dela”, ele garante. “Eu já falei com ele: ‘me dá um tempo, me deixa viver em paz, deixa eu viver minha vida. Eu já perdi meus empregos por causa de você’. Mesmo assim, ele não me deixa em paz”, ela diz.
“Eu tenho o número dela aqui. Não vou falar que não. Eu ligo”, Renildo confessa. “Enquanto eu estou conversando com você aqui ele já ligou! Pode olhar, enquanto eu estou conversando com vocês aqui. Ele liga 24 horas para o meu celular”, diz Luzia.
A delegada da mulher Susane Ferreira o chamou para explicar que ele tem de ficar pelo menos 200 metros longe dela. É ordem do juiz: “O desrespeito a essa decisão acarreta a sua prisão”, avisa.
Renildo prometeu à delegada que ia respeitar a ordem. Mas a convicção não passou da porta: “Eu não vou desistir, não. Eu vou correr atrás”, confessou. O resultado foi a prisão dele na semana seguinte. Mas nem algemado, nem levado ao xadrez, ele se convenceu: “Ela gosta de mim ainda. Tenho certeza absoluta. Ela falou que vai retirar a queixa. É para eu pagar meu erro. Então vou pagar. Acho que meu erro foi pressionar ela demais. Reconheço que pressionei ela demais. Ajudei ela bastante, o que eu pude fazer por ela eu fiz”, afirma.
Argumentos econômicos como esse são bastante comuns. “Eu paguei um curso, eu paguei uma faculdade. E aí, para eles, isso é uma dívida eterna. A companheira tem que se submeter à estrita vontade dele”, explica a delegada Susane.
A dependência econômica fez com que uma mulher esperasse 13 anos para denunciar o marido. “Ele era agressivo no começo. Teve uma vez que eu tentei terminar com ele e simplesmente ele foi lá e me deu um tapa na cara”, ela lembra.
Houve um tempo em que apanhava dia sim, dia não: “Eu já criei aquele medo dele, que eu comecei a não ligar mais, a falar: ‘eu tenho que obedecer ele e acabou. Eu vou continuar com ele’. Já não questionava mais, obedecia. Agia assim por medo dele”, revela.
No dia em que ela propôs separação, o marido se enfureceu: “Ele me empurrou. E nisso que eu abaixei para pegar a minha bolsa ele me deu uma paulada aí eu desmaiei. Com um pedaço de pau a paulada”, ela diz.
Só na cabeça, foram 24 pontos, mais dois no rosto e um braço quebrado: “Fiquei sete dias na cama. Parou minha vida, eu fico perguntando para Deus: ‘Por quê? Todo mundo se separa numa boa, por que ele fez isso comigo?’. Acabou comigo, eu olho no espelho a minha cabeça raspada, meu rosto feio”, lamenta a vítima.
O marido pagou fiança e responde processo em liberdade, mas a Justiça o proibiu de se aproximar dela. “Não me sinto protegida com isso. Até a polícia chegar, ele já me matou”, diz.
Outra mulher que foi agredida e ameaçada de morte pelo marido está com os filhos sob a proteção do estado em um abrigo cujo endereço é mantido sob absoluto sigilo. A casa é vigiada 24 horas por dia. E a moça vai permanecer no local até que a Justiça decida o que fazer com o agressor. O problema é que as chamadas medidas protetivas determinadas por um juiz nem sempre conseguem conter a fúria de um assassino.
Quando foi assassinada, aos 47 anos, Anita Sampaio Leite trazia um papel que obrigava o marido a ficar pelo menos um quilômetro longe dela. “Andava com a medida protetiva dentro da bolsa, na esperança de que, quando o visse, entrasse em contato e fosse imediatamente para a detenção, para o presídio”, lembra Antônio Sampaio, irmão de Anita.
Anita e o marido, o pedreiro Hercy de Sousa Leite, de 52 anos, viveram juntos por mais de 30 anos. Os filhos do casal já não suportavam ver a mãe apanhar. “Ele mantinha minha mãe completamente em cárcere privado. Minha mãe não podia sair. Para ela sair, era tudo programado do jeito dele. Se passasse do jeito dele, dava problema. Ele batia nela”, conta Wellington Sampaio.
Quando Anita pediu a separação, em 2011, Hercy voltou a agredi-la e chegou a ser preso. Mas pagou a fiança e foi embora. “A vida da minha irmã valeu R$ 183”, lamenta o irmão de Anita. Anita foi morta a facadas no quintal da casa dela, em agosto de 2011. Hercy ainda está foragido. Ele já respondia a um processo por agressão.
Um dia depois do assassinato, um oficial de Justiça chegou a procurar Anita para intimá-la a depor como vítima. “Ela está lá no cemitério de Ponta da Fruta, você vai encontrar ela lá agora. Porque ela já morreu. Demorou demais para chegar essa intimação”, relata o irmão, sobre o encontro com o oficial.
São tantos crimes que a polícia do Espírito Santo teve de criar a primeira delegacia do Brasil especializada em investigar homicídios de mulheres. Quase todos os assassinos agem da mesma forma. “Há um histórico de agressão anterior. Ou seja, o homem não chega e, em uma ocasião fortuita, tira a vida da mulher. Não, isso vem como uma bola de neve, aumentando, cada vez maior, cada vez a agressão vem de forma mais violenta, até que culmina com um homicídio”, explica o delegado Adroaldo Rodrigues.
Foi o que aconteceu com Josiléia Morogeski, de 33 anos. “Ele falou que se ela largasse dele, ele mataria ela”, diz um parente da vítima. Inconformado com a separação, o ex-namorado Adalberto Campos atirou cinco vezes contra Josiléia na frente da família dela. Sexta-feira (27) ele foi preso nos arredores de Vitória.
Para a polícia do Espírito Santo, a raiz de todos esses crimes é uma só: “Traduz muitas vezes a questão do machismo mesmo, do homem querer resolver o problema por se fazer homem”, destaca o chefe da Polícia Civil do estado, Joel Lyrio.
O que faz o Piauí andar na contramão dessa tendência? “O Piauí também é machista, só que aqui o trabalho é com eficácia. Na polícia não se deve cochilar. Não deixe a madrugada chegar, tem que ser imediato”, alerta a delegada Vilma Alves.
Às 9h50 da manhã, a delegada recebe a denúncia. Às 10h05, ela liga para a Polícia Militar pedindo uma guarnição: “Uma senhora foi espancada e o marido quer matar. Ela está com medo de retornar e eu quero prendê-lo”, avisou.
Às 10h20, um PM está na delegacia recebendo instruções. Às 11h05, a delegada já está diante do acusado, preso, na Central de Custódia de Teresina.
Delegada: O senhor sempre bate nela?
Acusado: Não.
Delegada: Ela disse que já não aguenta mais, não quer mais viver com o senhor. O senhor está sabendo que quando sair não vai ficar com ela, não é?
A pressa da delegada é a urgência do juiz. “Quando nos chega às mãos, a gente decide no máximo em 24 horas, talvez no mesmo horário do expediente”, afirma o juiz José Olindo Gil Barbosa.
Uma azeitada articulação entre polícia e Justiça não deixa denúncias se acumularem. “Até em tom de brincadeira eu digo: ‘aqui no Piauí, a gente trabalha igual a pai de santo, a gente recebe, mas também despacha’”, diz o destaca o promotor Francisco de Jesus Lima.
Na linha de frente dessa força-tarefa, uma mulher sempre perfumada, de brincos e colar de pérolas. “Como eu ensino as mulheres a andarem bonitas, a se amarem em primeiro lugar, então eu procuro andar sempre assim. Porque eu me amo”, ela garante.
Sobre a mesa de trabalho, um salto plataforma modelo Lady Gaga. E outra mesa repleta de santos. “Os meus santos estão aí para me proteger”, diz. O resto é com a delegada: “Eu aprendi que remédio de doido é doido e meio. Mas dentro da educação, sem bater”, avisa.
Com educação, mas falando grosso: “Aqui é olho no olho. Eu pergunto: ‘você comprou a sua mulher no mercado velho ou no shopping?’”.
Em audiências informais, ela põe vítima e acusado lado a lado e dá lições de boas maneiras. “Eu não sei como você foi educado. Mas você precisa de umas pinceladas de como tratar uma mulher. Não se trata mulher na ponta do pé”.
Não hesita em enquadrar um machão: “Como foi que começou? Olhe nos meus olhos! Como foi que começou essa droga?”.
E deixa claro que ordem judicial é para ser cumprida: “Vamos resolver a situação. A situação é essa: ela não quer mais você. Está com um mês que separou. Como você foi lá? Preste bem atenção: você foi preso agora. Não tem mais direito à fiança. Porque se você voltar, você vai ser preso e vai diretamente para a penitenciária”.
Não importa se a moça de olho roxo mora em bairro chique: “Nunca vi isso na minha família, na família dele. Os dois têm curso superior. Nossa família também tem curso superior. Classe média alta”, relata uma vítima.
A delegada assegura: ninguém escapa do indiciamento: “Aqui é de tudo, político e tudo. Bateu, se faz o procedimento”, garante.
Os movimentos feministas e o Ministério Público se uniram em campanha. E a própria delegada, professora de formação, vai aonde for preciso para passar o seu recado.
“A mulher não é piano, mas gosta de ser tocada. Um beijinho no pescoço, um carinho. O certo é você chegar: ‘está aqui, meu amor, minha vida, meu perfume, minha rosa’. É assim! Quem foi que deu um cheiro na mulher hoje?”, questiona a um grupo.
A Lei Maria da Penha é explicada ponto a ponto. “Se você estiver achando que você é dono de sua mulher, xinga a sua mulher, espanca todo dia, ela pode chegar na delegacia e dizer: ‘doutora, eu não quero mais, eu quero que meu marido saia’. E ele sai em 48 horas. Eu adoro fazer isso”, avisa.
Os maridos ouvem atentamente o alerta final: “Se você forçar é estupro. E se ela chegar na delegacia e disser que você estuprou, eu lhe prendo, tranquilo, meu bem”. O resultado desse esforço coletivo é a queda da violência, mas se engana quem acha que os números do Piauí agradam a delegada.
“Nenhum número é aceitável para mim. Nenhuma morte. Viver em paz é o que é importante. Como se admite uma mulher ser morta pelo seu marido? Porque a mulher não é mais coisa, não é objeto, não é propriedade. Mulher é cidadã e deve ser respeitada”, destaca.
Confira a tabela completa com o mapa de homicídios de mulheres no Brasil
Taxas de homicídio de mulheres (em 100 mil) por unidade federativa*
POSIÇÃO UNIDADE FEDERAL TAXA
1º Espírito Santo 9,4
2º Alagoas 8,3
3º Paraná 6,3
4º Paraíba 6,0
5º Mato Grosso do Sul 6,0
6º Pará 6,0
7º Distrito Federal 5,8
8º Bahia 5,6
9º Mato Grosso 5,5
10º Pernambuco 5,4
11º Tocantins 5,1
12º Goiás 5,1
13º Roraima 5,0
14º Rondônia 4,8
15º Amapá 4,8
16º Acre 4,7
17º Sergipe 4,2
18º Rio Grande do Sul 4,1
19º Minas Gerais 3,9
20º Rio Grande do Norte 3,8
21º Ceará 3,7
22º Amazonas 3,7
23º Santa Catarina 3,6
24º Maranhão 3,4
25º Rio de Janeiro 3,2
26º São Paulo 3,1
27º Piauí 2,6
Fonte: SIM/SVS/MS *2010: dados preliminares
sábado, 5 de maio de 2012
o senhor dos processos.
São Paulo foi circo comandado anos e anos por este senhor PAULO MALUF,senhor que qdo prefeito so fez viadutos e avenidas e outros,e roubou muito para fazer ,mas ai vc pode dizer ,mas fez , pois a população não precisa so de construção precisa sim de um bom hospital ,medicos e remedios ,precisa de segurança ,transportes e outras coisas mas o senhor maluf apenas roubou e o povo o elegeu varias vezes e diziam é o candidato que rouba mas faz .
somos obrigado a ve-lo nas chamadas partidarias na tv como se fosse um bom politico ele cansa de falar em rede nacional que é injusto tudo que se fala dele fala de segurança como se ele fosse a propria segurança e mais ,chama a população para se unir a ele no partido .se eu tivesse este poder de tira-lo do ar toda vez que aparecesse seria otimo ,ja não esta na hora dele sair de cena .
espero que justiça seja feita e cada politico ou outro que roubar o dinheiro publico,deve ser punido e os bens bloqueados e mais devolver o dinheiro roubado ,e seria muito bom se esses corruptos tivessem como advogados de defesa advogados publicos .
acredito que ira chegar a hora em que o povo se rebelara e fará valer o direito do cidadão do bom cidadão
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